Os presidentes Barack Obama e Raúl Castro anunciaram nesta hoje, quarta-feira, o restabelecimento das relações entre os EUA e Cuba.
B arack Obama confirmou que Cuba libertou nesta quarta-feira o prisioneiro norte-americano Alan Gross e, em troca, três agentes de inteligência cubanos que estavam presos nos EUA voltaram à ilha. A transferência de Gross e dos cubanos Luís Medina, Gerardo Hernandez e António Guerrero foram concluídas.
Obama também disse que espera um debate sério do Congresso norte-americano para que seja levantado o embargo que o país mantém a Cuba, que proíbe a maioria das trocas comerciais. Os dois países não se relacionavam desde 1962 – mantendo apenas secções de interesse de nível menor desde 1977 nas suas respectivas capitais.
O presidente dos EUA afirma que a normalização das relações com Cuba encerram uma “abordagem antiquada” da política externa norte-americana. Ao justificar a decisão, Obama disse que a política “rígida” dos EUA em relação a Cuba nas últimas décadas teve apenas um pequeno impacto. E acrescentou que acredita que os EUA poderão “fazer mais para ajudar o povo cubano” ao negociar com o governo da ilha.
Em Havana, Raúl Castro confirmou o restabelecimento de relações diplomáticas e disse que quer restabelecer os vínculos especialmente no que se refere a viagens, correio postal directo e telecomunicações.
“Exorto ao governos dos EUA a remover os obstáculos que impedem os vínculos entre os nossos povos”, disse Castro. “Devemos aprender a arte de conviver de forma civilizada com as nossas diferenças”, acrescentou.
Castro disse ainda que reconhece que há “profundas diferenças” entre os dois países, “fundamentalmente em matéria de soberania nacional, democracia, direitos humanos e política externa”, para em seguida completar: “Reafirmo nossa vontade de dialogar sobre todos esses temas.”
O presidente cubano referiu também que a ilha vai libertar e mandar para os EUA um homem de origem cubana que espionou para os americanos – não se trata, nesse caso, de Alan Gross, que já está em solo americano.
Obama e Castro mencionaram o papel do Vaticano e do Papa Francisco em facilitar as negociações históricas entre os dois países. Obama disse que o Papa ajudou ao pressionar pela libertação do americano Alan Gross. Raúl Castro também agradeceu o apoio do Papa Francisco para “ajudar a melhorar as relações entre Cuba e os EUA”. E também agradeceu ao Canadá pelo apoio logístico.
Após o anúncio, Papa Francisco felicitou os dois países e disse que continuará a apoiar o fortalecimento das relações bilaterais.
Por sua vez o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, disse que a troca de prisioneiros entre EUA e Cuba foi um gesto “corajoso” do presidente Barack Obama e que se tratou de uma vitória para a ilha. “Temos que reconhecer o gesto de Obama, um gesto corajoso e necessário”, disse Maduro a líderes do Mercosul em reunião na Argentina.